quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Dia do Tradutor

Hoje, dia 30 de setembro, é o Dia do Tradutor, em homenagem a São Jerônimo, padroeiro dos tradutores por ter traduzido a Biblia do grego para o latim.
Para homenagear os colegas tradutores, achei no blog do Amauri Alves da Silva essa pérola sobre os direitos dos tradutores. Muito bem humorado e muito bem pensado.
Leiam, divirtam-se e reflitam:
O TRADUTOR

1) O TRADUTOR dorme. Pode parecer mentira, mas o TRADUTOR precisa dormir como qualquer outra pessoa. Esqueça que ele tem celular e telefone em casa, ligue só para o escritório (ou, pelo menos, ligue no horário comercial);

2) O TRADUTOR come. Parece inacreditável, mas é verdade. O TRADUTOR também precisa se alimentar e tem hora para isso;

3) O TRADUTOR pode ter família. Essa é a mais incrível de todas: mesmo sendo um TRADUTOR, a pessoa precisa descansar no final de semana para poder dar atenção à família, aos amigos e a si próprio, sem pensar ou falar em gramática, termos técnicos, revisões, glossários, impostos e etc.;

4) O TRADUTOR, como qualquer cidadão, precisa de dinheiro. Por essa você não esperava, né? É surpreendente, mas O TRADUTOR também paga impostos, compra comida, precisa de combustível, roupas e sapatos, e ainda consome Lexotan para conseguir relaxar... Não peça aquilo pelo que não pode pagar ao TRADUTOR;

5) Ler, estudar também é trabalho. E trabalho sério. Pode parar de rir. Não é piada. Quando está concentrado em livros ou publicações especializados, O TRADUTOR está se aprimorando como profissional, logo trabalhando;

6) De uma vez por todas, vale reforçar: O TRADUTOR não é vidente, não joga tarô e nem tem bola de cristal, pois se você achou isso, demita-o e contrate um PARANORMAL OU DETETIVE. O TRADUTOR precisa planejar, organizar-se e assim ter condições de fazer um bom trabalho, seja de que tamanho for. Prazos são essenciais e não um luxo. Se você quer um milagre, ore bastante, faça jejum, e deixe o pobre do TRADUTOR em paz;

7) Em reuniões de amigos ou festas de família, O TRADUTOR deixa de ser O TRADUTOR e reassume seu posto de amigo ou parente, exatamente como era antes de ingressar nessa profissão. Não peça conselhos, dicas: ele tem direito de se divertir;

8) Não existe apenas uma ‘traduçãozinha”, uma "pesquisazinha" , nem um "resuminho", um cardapiozinho para meu boteco, etc. Levantamentos, pesquisas e resumos são frutos de análises cuidadosas e requerem atenção, dedicação. Esses tópicos podem parecer inconcebíveis a uma boa parte da população, mas servem para tornar a vida do TRADUTOR mais suportável;

9) Quanto ao uso do celular: celular é ferramenta de trabalho. Por favor, ligue apenas quando necessário. Fora do horário de expediente, mesmo que você ainda duvide, O TRADUTOR pode estar fazendo algumas coisas que você nem pensou que ele fazia, como dormir ou namorar, por exemplo;

10) Pedir a mesma coisa várias vezes não faz O TRADUTOR trabalhar mais rápido. Solicite, depois aguarde o prazo dado pelo TRADUTOR;

11) Quando o horário de trabalho do período da manhã vai até 12h, não significa que você pode ligar às 11h58. Se você pretendia cometer essa gafe, vá e ligue após o horário do almoço (relembre o item 2). O mesmo vale para a parte da tarde: ligue no dia seguinte;

12) Quando O TRADUTOR estiver apresentando um projeto, por favor, não fique bombardeando com milhares de perguntas durante o atendimento. Isso tira a concentração, além de torrar a paciência. ATENÇÃO: Evite perguntas que não tenham relação com o projeto, como por exemplo "que dicionário é melhor para eu levar na minha viagem pra Grécia?";

13) O TRADUTOR não inventa problemas, não cria regras gramaticais, não tem relação com o sobe-e-desce do dólar, não é culpado pelo analfabetismo funcional e não controla as catástrofes causadas pelo "El Niño". Não reclame! O Tradutor com certeza fez o possível para você pagar menos e receber o trabalho dentro do prazo, com qualidade. Se quiser "dar um jeitinho", dê, mas antes demita o tradutor e contrate um quebra galho;

14) OS TRADUTORES não são os criadores dos ditados "o barato sai caro" e "quem paga mal paga em dobro". Mas eles concordam... ;

15) E, finalmente, O TRADUTOR também é filho de DEUS e não filho disso que você pensou.

Agora, depois de aprender sobre O TRADUTOR, republique no seu blog, repasse para os amigos e familiares, afinal, essas verdades precisam chegar a todos.

O TRADUTOR agradece.

Parabéns a todos os tradutores que com o seu trabalho transformam barreiras em caminhos.

sábado, 11 de setembro de 2010

Come si dice computer in italiano?


Hoje começo uma série de posts sobre a questão do uso de palavras
estrangeiras (especialmente do inglês) no italiano, mas que tem uma pontinha ligada com a questão da contaminação linguística mencionada no post anterior.
Encontrei um texto bem interessante (na verdade, reencontrei), que faz parte do livro Linea Diretta, bastante usado nos cursos de italiano no Brasil. Como o texto é meio longo, o primeiro post é só o texto, e nos próximos, pretendo explorar e enriquecer mais a questão.
Aproveitem a leitura!

        L'Italiano lingua straniera
           Non c’è oggi chi non pronunci, o peggio, scriva parole straniere per sfoggiare conoscenza di lingue di cui spesso ha solo un’infarinatura. Se abbiamo il vocabolo italiano, perché ricorrere allo straniero?
           Non siamo ormai presenti alla riunione, ma al “meeting”; non facciamo acquisti, ma “shopping”, passando da una “boutique”, negozio, alla sala esposizione, “show-room”, sita “vis-à-vis”, cioè dirimpetto; non coltiviamo un sentimento ma stabiliamo un “feeling”; siamo “single” ma non scapoli, nubili, divorziati, separati, qualche volta conviventi col “partner”, amico-amica; non trascorriamo la fine settimana, ma il “week-end”, facendo una scampagnata, anzi un “picnic”, non in bicicletta ma su un “mountain bike”, magari nell’entroterra, meglio nello “hinterland” milanese; non paghiamo il tagliando o la quota (non sia detto!) paghiamo il “ticket” (vorrei tanto conoscere l’esimio impagabile superburocrate che ci ha imposto il termine inglese); sin da bambini abbiamo diritto non non più alla bambinaia ma alla “baby sitter” e cresciuti, non saremo dirigenti bensì “manager” con problemi aziendali di ricambio, mi scuso, di “turnover”: per essere ricevuto da un personaggio (vip) non ci basterà un semplice permesso, ma dovremo procurarci un “pass”; se poi partecipiamo a uno “stage”, cioè soggiorno di studio, fra un “lunch”, colazione, ed un “dinner”, cena, faremo un “break”, pausa, intervenendo ad un “party”, trattenimento, ricco di “drinks”, bevande.
          Per partire in aereo, non ci presentiamo alla registrazione ma al “check-in”: i nostri soldati in Somalia non hanno presidiato posti di blocco, ma “check-points”; ieri i non professionisti erano semplicimenti dilettanti, però oggi molti di questi ultimi preferiscono considerarsi “amatori”. E potrei continuare all’infinito.
         La colpevole tolleranza di molti insegnanti, così come il narcisismo di molti operatori dell’informazione stampata e televisiva, nonché infine la nostra pigrizia mentale, hanno causato la pedissequa ripetizione di parole dal significato talvolta travisato, l’ebete intercalare di “cioè” e di “niente” e quindi il dire o scrivere espressioni con evidente pleonasmi quali, per esempio: “Da un po’ di tempo a questa parte”, “Buon giorno a tutti”, “Vi informiamo, con la presente”, “Oggi come oggi”.
         La lingua è viva in quanto si evolve senza fraporre ostacoli al nuovo, però non è detto che debba essere colonizzata.

                      Enzo D’Amico, Milano (da La Repubblica, 09/01/94)