Espero minha vez, sento na cadeira diante da
escrivaninha, a atendente nem me olha.
Explico o que quero, entrego os documentos, e ela
começa a perguntar, sem tirar os olhos da tela do computador.
– Endereço?
Eu ligo o piloto automático e começo:
– Patati patatá, número X
Ela, sempre robótica, continua:
– Telefone para contato?
Eu, na mesma linha, engato:
– xyz-xt-zx-tv e tx-kl-mh-xz
Já sem mover um músculo, quase ventríloqua, pergunta:
– Profissão?
Olho bem para ela e disparo:
– Tradutora.
Pausa. Levanta os olhos da tela e me olha nos olhos. É
humana.
Com um sorriso nos lábios, declara:
– É a primeira vez que vejo um tradutor em carne e osso.
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