quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Invisibilidade

Ontem, abrindo conta em banco.
Espero minha vez, sento na cadeira diante da escrivaninha, a atendente nem me olha.

Explico o que quero, entrego os documentos, e ela começa a perguntar, sem tirar os olhos da tela do computador.

Endereço?

Eu ligo o piloto automático e começo:

Patati patatá, número X

Ela, sempre robótica, continua:

Telefone para contato?

Eu, na mesma linha, engato:

– xyz-xt-zx-tv e tx-kl-mh-xz

Já sem mover um músculo, quase ventríloqua, pergunta:

– Profissão?

Olho bem para ela e disparo:

– Tradutora.

Pausa. Levanta os olhos da tela e me olha nos olhos. É humana.

Com um sorriso nos lábios, declara:

– É a primeira vez que vejo um tradutor em carne e osso.


Difícil foi segurar a vontade de fazer "Buu!"



Nenhum comentário:

Postar um comentário